Blog do Mauricio – Maratona com confiança? Melhor com sabedoria

Olá, amigos! Anteriormente, tive o prazer de escrever a vocês sobre a Maratona de Curitiba. E ela mais uma vez me reservou momentos incríveis. Pude perceber que só o nosso esporte e a amizade podem proporcionar situações como essas.

Domingo, dia 15 de novembro de 2015, cheguei na área de concentração das assessorias por volta de 6h. O clima que envolvia a todos era sensacional. O tempo ajudava com uma temperatura amena. Exatamente às 7h15 foi dada a largada. Vi os corredores iniciando suas jornadas e foi impossível não me lembrar da minha primeira maratona.

Como iria correr apenas metade da prova, peguei o ônibus para ir ao ponto de onde largaria. Cheguei a tempo de ver o primeiro colocado cruzar a marca dos 21 km com um tempo de 1h04. Aos poucos, os corredores passavam e eu a espera de alguém conhecido e de preferência com um pace confortável, ali perto dos 5:48 min/km, para que pudesse acompanhar.

Quando aparece meu amigo e parceiro no Desafio da Butuca, Gabriel Hamilko, que já participou também do PFC 105 – Bora Correr. Juntos seguimos até o fim. A corrida não é apenas esporte, trata-se de superação e amizade. Agradeço a oportunidade de poder estar ao lado do Gabriel durante sua luta para completar a prova. Boas corridas!

Deixo vocês com o relato dele:

Maratona com confiança? Melhor com sabedoria

“Amigas e amigos, uma dica humilde: se um dia você quer se dar bem em uma maratona, nunca subestime esses 42,195 metros. Ah, eu já fiz em um modo confortável? Ah, é plana? Mas eu já fiz dez vezes? Não, não será fácil. Primeiro, tem sim que ter a base de treinos. E mais: cada um tem sua limitação, seu tempo. Alguns conseguem um ritmo maior, outros não conseguem manter um ritmo forte durante todo o tempo.

Vamos ao que interessa? Pois então. Fui convocado para falar sobre a minha segunda experiência em maratonas. Não só em maratonas, mas NA Maratona de Curitiba. Para quem não sabe, é a maratona no asfalto com o percurso mais desafiador, com um altimetria variada – viadutos, subidas (principalmente próximo aos 30 quilômetros). Se o corredor é de fora, ele sabe bem disso, sente na pele. Quem é de Curitiba, já está acostumado, pois treina bastante no sobe e desce. Aí que pode morar o perigo. Aí que morou a minha confiança.

Poder psicológico é tudo? Sim, mas com prudência. Fiz todos os meus treinos programados, principalmente os longões.  Na minha primeira maratona curitibana, tinha ido bem. Fechei em 4:17:20, começando com um ritmo leve (pace entre 6:00 e 6:20). Aumentei aos poucos, chegando aos 5:25 depois dos 10 km. Mas terminei controlando em 6:10. Pensei comigo: minha missão agora precisa ser maior.

O tempo nublado não enganava, pois estava abafado desde a largada. Mas uma série de fatores configuraram minha derrocada. O primeiro passo foi largar forte. Confortável, comecei entre 5:30 e 5:20, aumentando para 5 redondo por três quilômetros. Tudo o que já tinha feito em treinamentos anteriores. Cheguei nos 13 km, na inclinada Arthur Bernardes e diminuí. Até aí estava programado. O que não estava previsto era uma dor incômoda nos dois joelhos, que depois se somou ao quadril.

Diminuí mais, passei os 21 km e começou o sofrimento. A dor aumentou, e para compensar, mudei a minha passada, correndo mais ainda com a ponta dos pés – o que forçou mais as panturrilhas. No km 22 tive a companhia importante do Mauricio Geronasso, guerreiro que me acompanhou na pior parte. Ele, louco para correr, e eu me segurando. Queria poupar energia, pois sabia que o fim seria de sofrimento. Meu sub-4 horas já tinha ido para o ralo, mas a meta de diminuir o tempo do ano passado ainda estava em pé. Segurei um ritmo de 6:10, caindo para um confortável 6:20 depois dos 25 km.

Daí um outro erro meu. Com as câimbras ameaçando paralisar os tornozelos e a coxa esquerda, eu não poderia parar e andar. Seria o fim. Mas vi um amigo sofrendo e chamei ele para se juntar ao grupo. Cheguei a mais um amigo no meio do caminho. Chamei para se juntar ao pelotão. Até aí tudo bem, mas na principal subida, na Marechal, bem no km 30, eu segui os apelos e andei. A ideia era terminar todos juntos. Não deveria, poderia me arrastar mais em um ritmo devagar, mas bom.

Andar me fez esfriar, travou os músculos e deu um nó na coxa esquerda. Não conseguia dar mais um passo, mesmo com o alongamento do Mauricio. Achei que era o fim. Mas com a ajuda de mais uma moça que estava de apoio em uma bike, consegui massagear até desatar o nó. Mas ali tinha acabado a parte normal da maratona. A cada arrancada que dava era uma nova câimbra em uma das panturrilhas. Foram três cápsulas de sal, dois copos de refrigerante, vários de água e mais um gel.

Demorou, mas fez efeito para voltar a correr em um ritmo bem devagar, próximo do pace de 7:00 min/km. Só que os músculos estavam pesando, as pernas não reagiam. A cabeça pensava de um jeito, mas o corpo não conseguia fazer. O principal psicológico foi neste trecho, conseguir terminar. Próximo ao km 35, desistir era impossível na minha cabeça. Só que as câimbras voltaram com tudo no km 38. A partir daí, não tinha o que fazer. Para terminar, só andando.

Hora de entrar o famoso “se”. Se eu tivesse começado mais devagar, poderia terminar com menos sofrimento. Se o joelho não tivesse doído, tudo estaria normal. Se não andasse no km 30, poderia parar com câimbra só depois dos 35. Mas uma coisa é certa. Faltou humildade na estratégia. Termino como começo: nunca subestime uma maratona. Calma, esquece o que eu disse. Deixa eu reformular. Nunca subestime uma maratona, ainda mais se for em Curitiba. Respeite seus limites. Uma lição. Na hora, jurei que não precisava passar passar por tudo isso de novo, queria aposentar as maratonas. Mas o ar do desafio é maior. A missão ainda está aberta. No final, a minha maratona da lição terminou em 4:55:30.”

Gabriel Hamilko

15/11/2015

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