Coluna do Enio – As condições ideais
Se você esperar pelas condições ideais, nunca vai fazer nada. Esta frase aparece vez ou outra por aí na internet mais ou menos dessa forma e tem vários autores. Ela se ajustou bem ao que passei na Meia Maratona de Pinhais no último sábado e também se aplica aos treinos que venho fazendo nas últimas doze semanas. Esperar as condições físicas e climáticas perfeitas pode resultar em ficar muito tempo sem sair para correr.
Acordei sábado com um incômodo chato na perna. Chato, mas conhecido. Nada que me impeça de correr, mas não é algo que me deixa 100%. Não gosto de chamar de dor porque não dói, não é bem uma dor. É um desconforto que vez ou outra aparece e tenho quase certeza do porquê. Até sexta, estava tudo bem. Algo aconteceu no sono de sexta para sábado.
Ao longo do sábado, foi amenizando, mas a viagem de ônibus de cinco horas entre Florianópolis e São José dos Pinhais não ajudou muito. Ainda que tenhamos chegado com mais de uma hora antes da largada, estava meio travado. Não estava nas condições que gostaria. Mas, né? Lá estava e a largada iria acontecer de qualquer jeito.
O treino longo de 18 km do sábado deixei para fazer durante a prova. Foi dada a largada e lá fui eu, com aquele desconforto que fazia questão de dizer que estava ali a cada passada. Usei os três primeiros quilômetros como aquecimento e ele foi sumindo, como quase sempre some.
Depois do aquecimento, corri os 10 km em 52:39 (5:16 de média), dentro do previsto. Aí vinha a parte mais complicada do treino. 4 km em ritmo mais forte, no ritmo da meia sub 1h40. Desconfortavelmente, acelerei e juntei o desconforto da perna com o desconforto do esforço. Fiz os 4 km em 18:52 (4:43 de média), no ritmo que deveria fazer.
O problema maior veio depois. Diminuí demais o ritmo depois desses 4 km e não tive mais força nem vontade para correr os 4 km finais da prova no ritmo de antes, ali por 5:20 min/km. Se tivesse continuado forte, seria mais fácil e menos sofrido. Até esbocei tentar correr mais forte, mas o corpo e a cabeça já não mais queriam depois de terem feito a parte mais difícil do treino, que eram aqueles 4 km em 18:52.
Todo este texto, para chegar ao seguinte: foi uma corrida muito ruim para manter o ritmo. A todo instante, o incômodo, vejam só, incomodava. Além de não estar me sentindo muito disposto. Ainda que tenha utilizado como treino, foi um treino sofrido, mais do que é normalmente. Não via a hora de terminar. No entanto, precisava fazer o ritmo determinado, pelo menos até os 4 km forte. Depois, tinha que manter o ritmo dos 10 km, mas foi impossível.
Pensando nisso, durante a corrida e a viagem, dei-me conta que não só no sábado, mas em outros dias também fui treinar sem as condições ideais, sejam físicas ou climáticas. Já falei um pouco disso nas colunas anteriores (Mau Dia e Não existe treino feio) e a Meia de Pinhais me trouxe isso de volta. Pode estar ruim, vai estar ruim, mas no dia da prova alvo pode estar também.
Treinando nas piores condições, posso no dia da prova conseguir algo melhor que nos treinos. Talvez um dia ruim na corrida me impeça de fazer o tempo que desejo, mas vai me fazer lidar melhor com os obstáculos que podem aparecer (Améééééém!). Como é para mim, certamente eles vão aparecer. Seguimos treinando. Às vezes bem, (muitas) outras não, mas seguimos. Sendo possível, no ritmo estipulado. Faltam três semanas para a Golden Four ASICS SP.
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Fala Enio, apesar de correr a pouco tempo entendo o que você está falando, muitas vezes não me sinto bem pra correr, mas como você disse, talvez no dia da prova alvo isto possa ocorrer também, e ai o que fazer? Só dá pra fazer uma coisa, correr, percebo que correr vai além de treinar o corpo muitos dos treinos acabam atingindo nosso psicológico.
Exatamente, Peterson. O treino também serve para preparar não só o corpo, mas a cabeça também. Aí, estamos preparados para (quase) tudo e, mesmo assim, nunca sabemos o que virá. Abraço.