A minha melhor maratona
Aproveitando que esta semana estou correndo menos, resolvi também escrever menos. Um parênteses sem parêntese: estou correndo menos em função da dor no peito do pé e não por preguiça. É bom senso. Raras vezes o utilizo. Desta vez, acho que acertei. Parece que as coisas já estão voltando ao normal. Fechando o parêntese e voltando ao assunto. Peguei o texto que escrevi quando da minha melhor maratona, dei aquele Ctrl+C e Ctrl+V e foi! Estas linhas todas aí embaixo são referentes à Maratona de Porto Alegre em 2013, onde fiz meu recorde pessoal nos 42.195 metros.
Também fizemos um podcast, o PFC 33, sobre a prova, mas confesso que não lembro de nada do que falei nele. Também não lembrava do que tinha escrito há três anos.
Segue o texto:
Juro que faria um relato mais completo do que os últimos. No entanto, rapaz de sorte que sou, perdi todas as atividades do Garmin. O touch screen já vinha com problemas. Apertei em um lugar e fui levado a outro. Por azar, era o de ELIMINAR TODAS AS ATIVIDADES. Ainda bem que tinha a opção de SIM ou NÃO. Apertei NÃO e o Garmin foi no SIM. Perdi o registro da minha melhor maratona. Logo, o relato vai ser bem simples. Aliás, se alguém souber de algum milagre para recuperar dados deletados do Garmin, avise-me.
Pois bem. Sobre a maratona em si. O planejado sempre foi chegar em Porto Alegre e fazer o sub 4 horas na maratona dita mais rápida do Brasil, praticamente toda plana. Cheguei, corri e fiz. Para quem não quiser ler tudo, o tempo foi de 3h59’41” e consegui o desejado sub 4 horas. Fomos eu e o Eduardo de avião sábado à tarde para Porto Alegre. Chegamos no aeroporto e havia staffs com plaquinhas da maratona, que nos levaram para a van da organização. A van no deixou na retirada do kit e depois no hotel. Diria que foi impecável.
A organização e tudo que envolveu o antes, durante e depois da prova foram excelentes. Nada a reclamar. Sábado à noite comemos massa (nem sei mais se isso realmente ajuda ou não, mas foi mais por rotina e para manter o padrão de sempre). Domingo, bem cedo e frio, estávamos de pé. Sem o vento da noite anterior, mas com o clima frio, coisa de 10ºC, 11ºC. Para correr, perfeito. Até começar, nem tanto. A largada foi extremamente pontual. A dos homens foi até 5 segundos antes. Mais um ponto positivo para a organização.
Dividi a maratona em 8 partes de 5 km. Em cada parte, o objetivo era manter o pace de 5:37, o que dá 44:56, o popular 45 minutos. Fui fazendo as contas mentalmente e consegui ser constante até o km 34. Depois, o ritmo caiu. Dor nos dedos do pé esquerdo e cansaço acumulado nas pernas foram os fatores que identifiquei mais a dor do que o cansaço das pernas. Ainda fechei a sétima parte abaixo do tempo, mas já sabendo que os últimos 5 km da divisão ficariam acima. E, logicamente, ainda tinha mais 2 quilômetros e 200 metros para terminar.
Nas minhas contas, sabia que o Garmin marcaria um pouco a mais. Era normal e esperado. Nunca vai ser preciso. No km 30 já havia percebido que a distância entre o apito do relógio e as placas da organização estavam distantes. Nesse momento, já comecei a olhar o meu tempo de cada quilômetro quando passava pelas marcações. Passei o 32º km com 3 horas e alguns segundos. Ainda tinha uns 59 minutos para 10 km. Seria muito tranquilo se não fossem os quilômetros finais de uma maratona. A partir do km 34, comecei a controlar ainda mais.
O ritmo caiu, mas, lembro bem, ficou entre 5:44 e 5:50. Era acima dos 5:37 planejados, mas abaixo da média de 6 min/km. Os segundos que ganhei até o 34º km me deram alguma margem. Então, rodando abaixo de 6 min/km ainda tive alguns segundos para me ajudar no objetivo final. Passei o km 35 da marcação da organização com 3h17 ou quase isso. 42 minutos em 7 km era bem possível, mas nunca esquecendo dos 200 metros finais. Já tinha percebido que ia ser no limite dos limites jamais imaginados antes da corrida começar.
Fazendo meus 5:50 ou pouco menos por volta, fui aumentando essa margem. Passei o km 40 com 3h47, aproximadamente. Minha memória não é tão boa (até por isso uso Garmin). Sabia que não poderia caminhar um pouco para aliviar a dor chata dos dedos nem diminuir muito o ritmo. Estava tudo contadinho. Quando a placa de 42 km foi deixada para trás, o relógio marcava 3h58 e uns segundos indesejados. Eram quase 200 metros. Em treino de tiro é fácil, na maratona não. Acelerei o que deu controlando o relógio, até perceber faria o sub 4 horas.
O tempo bruto foi de 4:01:39. No líquido, bem controladinho que estava, foi no limite: 3:59:41′. No fim, pensando bem, nem precisava ter acelerado na reta final. Porém, nunca é bom contar com o ovo na cloaca da galinha. No Garmin, deu 3:59:38. Deve ter a ver com o fato de eu ter demorado para ligá-lo na largada. 42,195 metros depois, o novo recorde apareceu. E SUB 4 HORAS. O recorde já estava batido, não teria problemas com ele, mas um recorde de quatro horas e um segundo me deixaria bem decepcionado. Felizmente, deu tudo certo.
Imagina se eu tivesse as parciais do Garmin, o textão que ficaria. Sem informações precisas, acabei exagerando nas letrinhas. Bom, para finalizar. No km 25, perdi uns 50 segundos no banheiro, fazendo xixi. A bexiga estava cheia e incomodando desde o 9º km. Não atrapalhou no ritmo, mas no psicológico. Até tentei fazer nas calças mesmo, correndo, mas não saiu nada. Descobri que não consigo fazer xixi ao mesmo tempo em que corro. Nem com a bexiga cheia. O km 25 foi meu quilômetro mais devagar e único acima de 6 min/km em toda a maratona: 6:20.
O resumo de tudo é: exceto nos 50 segundos que parei para urinar, corri o tempo todo e não teria nenhum quilômetro acima de 6 min/km se não fosse a parada no banheiro. O sub 4 horas veio. Fiquei MUITO contente e até meio emocionado. Os treinos, feitos por mim mesmo, deram certo. De um jeito ou de outro, acertei em alguma coisa. Ou não fiz tanta coisa errada. Maratona é sofrida, mas eu gosto. Próximo objetivo é correr o tempo todo mesmo, sem parar no banheiro, e tentar bater o novo recorde estabelecido. Acho que uns 3h58 é bem possível (NOTA DE 2016: atualmente, até gosto de maratona, mas não de treinar para ela. Esse “próximo objetivo” não tem data para acontecer).
Para não falar só de mim, antes de terminar, cabe registrar os feitos dos amigos na maratona. O Eduardo fez o sub 4 horas também (3:52:39), o José Carlos fez uma das suas melhores maratonas com um ótimo tempo (4:11:39) e o Eduardo Legal fez um baita tempo e seu novo recorde (3:37:29). Miguel Nakajima, ouvinte do POR FALAR EM CORRIDA, também correu. Só não sei se o tempo dele foi o planejado. De qualquer forma, para mim parece bom (3:44:04′). Parabéns para eles e para mim. Mais informações, no POR FALAR EM CORRIDA.